5 de set. de 2010

Você aprova a colocação de máquinas de camisinhas nas escolas?

Elaborado há mais de quatro anos, um projeto polêmico pode ser, em breve, implantado pelo governo federal. O Ministério da Saúde iniciou a busca por parceiros para a produção, em escala industrial, de dois modelos de equipamento de distribuição de camisinhas que serão instalados em escolas públicas do país. Dois modelos já foram desenvolvidos e um deles já é oferecido no mercado. A expectativa do Programa Nacional de DST e Aids, responsável pela iniciativa, é que até 40 máquinas comecem a funcionar ainda em 2010, apesar da resistência encontrada em alguns setores da sociedade.

De acordo com os idealizadores do projeto, o objetivo é ampliar o acesso gratuito do jovem aos preservativos como forma de prevenir gravidez não planejada e doenças sexualmente transmissíveis (DST). Outro ponto importante é que as máquinas só serão instaladas em escolas que tenham programas de prevenção e de saúde sexual e reprodutiva. Em Lafaiete, pelo menos 200 adolescentes engravidam todos os anos. A maioria não possui o 2° grau completo. Acompanhe mais detalhes na página 53.
O assunto já começa a ser discutido em Lafaiete. De acordo com o educador e diretor da escola estadual Monsenhor Horta, Paulo Roberto Tavares da Silva, caso a medida realmente seja implantada, será necessário realizar um intenso trabalho de conscientização, para que o tema não seja banalizado. No entanto, o educador não acredita que essa seja a medida mais adequada para prevenir DSTs e gravidez na adolescência: “O dever da escola não é distribuir camisinhas, e, sim, informação. Eu sou a favor do uso de preservativos e de que sua distribuição seja feita, desde que em locais adequados. Mas acredito que, à escola, caiba fornecer a formação intelectual para que o jovem saiba quando usar, como usar, com quem usar, além das consequências de ter ou não usado”, analisa.
Para o diretor do Monsenhor Horta, a transmissão de conhecimento para os jovens seria mais eficiente que uma máquina de distribuição de camisinhas, “mesmo porque as Secretarias de Educação fornecem preservativos gratuitos para jovens acima de 16 anos e, mesmo assim, não conseguiram impedir que o sexo se transformasse em uma coisa tão banalizada”, afirma. Paulo Roberto lembra, ainda, que o educandário já possui um programa voltado para a conscientização: “Há três anos, trabalhamos em um projeto que se chama Sexualidade na Juventude. Ele é desenvolvido por professores de diversas áreas do conhecimento e tem surtido efeitos positivos. O número de gravidez na nossa escola tem reduzido consideravelmente”, observa.
Professora de Biologia há 12 anos no Monsenhor Horta, Michele Alice de Souza Oliveira também não vê com bons olhos a colocação de máquinas de camisinhas em escolas públicas: “Acho muito importante a escola adotar algumas medidas para diminuir o índice de gravidez na adolescência, mas considero que esta não é um meio de prevenção e, sim, um incentivo. O acesso vai ficar muito fácil e, com isso, todos poderão usar, mesmo sem a informação necessária. Sou contra a essa adesão; os alunos não estão preparados e ainda existem muitas dúvidas a respeito de sexualidade”, considera.
A educadora também teme a banalização do sexo entre os adolescentes: “E muito importante, dentro das escolas, a conscientização de que a camisinha só deve ser usada na época certa; com a pessoa certa. Através dessa máquina, os adolescentes podem pensar que basta usar camisinha e está tudo certo. E a gente sabe que não é bem assim. A relação sexual abala tanto a vida social das pessoas quanto à parte psicológica. Se todas as escolas tivessem um momento para falar sobre esses assuntos com os alunos, acredito que a situação não estaria do jeito que está e não vai ser uma máquina de camisinhas que vai mudar o que vemos hoje”, alerta.
Entre os alunos, a opinião parece ser diferente. Matriculada no 3° ano do Ensino Médio da mesma escola, Yara Caroline da Conceição Rodrigues, de 16 anos, mostrou-se completamente a favor da medida. “Não considero que isso incentive o sexo, pois hoje, na adolescência, tudo isso é muito normal; é uma realidade. Acho sim que muitos pais vão ser contra, mas através desta iniciativa vamos ver que a escola também se preocupa em preservar a vida do adolescente”, opinou.
Yara acredita, ainda, que as máquinas serão uma contribuição positiva no combate a gravidez na adolescência: “Não sei se todos os estudantes estão preparados para receber este projeto, pois existem pessoas que, mesmo com a idade avançada, ainda têm a cabeça bem pequena. Já havia até conversado com amigos meus de salas de aula e todos concordam com esta medida”, conta.
E você, concorda ou não com a iniciativa. Dê a sua opinião na enquete.


Ref: http://www.jornalcorreiodacidade.com.br

Um comentário:

  1. è assunto a ser bastante debatido...entre sociedade e educadores......

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